in vino V.E.R.I.T.A.S.

Estou em guerra... Essa é a sensaçao!

Nao há guerras declaradas no mundo, mas o meu mundo está em guerra.

Guerra com duraçao limitada, eu sei - apenas mais 6 meses. Mas nesse tempo todo, eu nao sei o que vai acontecer.Voluntariamente, me exilei. Exílio necessário para eu compreender grande parte do meu mundo e do meu eu. Até certo ponto, eu venci essa guerra. Aprendi a gostar de mim, mesmo que ninguem goste. Entendi, de longe, melhor as pessoas. Umas eu abraço de volta com carinho. A outras elimino da minha vida. Alcancei absolutamente todos meus objetivos: fui independente, viajei por um pedacinho desse mundao tao incrível, voltei as minhas custas ao meu país, comprei coisas que sempre desejei. Tive soldados fieis nessa batalha. Muitos deles ainda estao vivos ao meu lado. Alguns desertaram. Outros morreram. Minha eterna gratidao ainda que nao 100% declarada.

Guerra contra o que?

Guerra contra a denegaçao do meu visto. Tenho medo e vergonha por estar ilegal. Pura soberba, admito. Há tanta gente assim, nao é? gente boa, melhor que eu, na mesma situaçao e por necessidade.
Guerra contra o desemprego. A empresa está em chamas e eu ainda nao abandonei a batalha. Mesmo correndo o risco de me pegarem ali, só deixo de trabalhar quando nao houver mais trabalho. Minha gratidao a esse homem que marcou a minha vida em todos os sentidos. Aprendendo o que fazer e a que nao fazer. Obrigada pela generosidade e pela oportunidade. Gracias, Toni.
Guerra contra mim mesma. Ter animo e lutar até o fim. Buscar as cenouras na horta, para matar a minha fome. Fome nao literal. Talves, quem sabe, fome de conhecimento. Passando necessidades. A bonequinha de luxo usa roupas velhas. A gulosa conta centavos no supermercado.
Guerra contra o meu orgulho. Acho um absurdo meus pais se sacrificarem por mim. Eu desertei. Deveria conseguir, mas nao posso mais.

No meio disso tudo, tive que encontrar uma luz no fim do túnel. Nao sei se a encontrei, mas pelo menos eu inventei uma luz para guiar o meu caminho em tempos de guerra. Volto ao Brasil. Isso é fato sem volta e de volta. A Belo Horizonte, só em último caso. Amo e me orgulho da minha terra. Terra de gente guerreira e íntegra. Mas nao posso mais viver ali. Nao é soberba nesse caso. É necessidade espiritual. Sou daquele lugar, mas meu caminho é abrir caminhos, em busca das minhas esmeraldas. Espero que meu destino seja diferente do meu antepassado que só encontrou turmalinas sem valor. Ironia do destino, seguirei o mesmo caminho que leva seu nome. Rod. BR-381, Fernao Dias - Belo Horizonte - Sao Paulo. Neta de bandeirante, bandeirante é. Rumo a Sao Paulo, terra conhecida mas pouco conhecida. Lugar de origem, lugar de destino. Lugar intermediário talvez - a conexao perfeita, quem sabe.

Volto depois da minha pior guerra. Volto em farrapos. Volto derrotada. Mas a luta é a minha constante.

Brasil! Tô voltando!!!





Chamo a isso de guerra pq a luta e a esperança sao os sentimentos que me movem. E o medo ao lado.