Hoje me deu vontade de remexer no meu passado... Abri cds com arquivos antigos, uma mistura de projetos, imagens e palavras. O mais engraçado é que minha cabeça é tao desorganizada que nem sequer separava a vida em "carpetas". Tudo junto... Coisas de uma mente inquieta.
Nao sei separar as coisas, acho. Nao sei se quero mudar muito minha maneira de ser. Nao sei se mesmo querendo, conseguiria... No meio do meu caos, encontro esse texto de Arhur da Távola.
Me emocionei e publico.... Nem sempre as palavras aqui sao minhas.
SABES RECEBER O AMOR?
Artur da Távola
Do ponto de vista de quem recebe, o amor ganha contornos bem diferentes daqueles existentes do ponto de vista de quem dá. E é tão raro o empate entre dar e receber! Há pessoas absolutamente incapazes de receber o amor. Outras há que filtram o amor recebido segundo a sua maneira de ser, reduzindo (ou ampliando) o afeto ganho através de suas lentes (existenciais) de aumento ou diminuição. Quem pode dizer com segurança que sabe avaliar o amor recebido? Outras há, ainda, que só conseguem amar quando recebem amor, não admitindo dar sem receber. Há, também, o tipo de pessoa que não dará (amor) jamais, pois só sabe receber. E existe aquela outra que quer e precisa receber, porém não sabe o que fazer quando (e quanto) recebe e transforma-se, então, numa carência viva a andar por aí, em todos despertando (por insuspeitadas habilidades) o desejo de algo lhe dar. Receber o amor é como saber gastar (gostar?). Já reparou que há pessoas que não sabem gastar? Muitas sabem ganhar muito dinheiro, mas depois não o sabem gastar. Receber o amor é como saber gastar (gastar o amor de quem lhe está dando). É necessário fazer com que o investimento recebido renda frutos, juros e dividendos em que o recebe, para novos investimentos e lucros humanos. Há quem o saiba fazer (ou seja, saiba receber). Há quem não o saiba e gaste o (amor) recebido de uma só vez, sem qualquer noção do quanto custou para quem o deu. O problema de receber o amor é fundamental, porque ele determina o prosseguimento ou não da doação. O núcleo do problema está na forma pela qual cada pessoa recebe o amor, modelando-o. De que valerá um amor maior do que o mundo, se a forma pela qual se o recebe é diminuta? Um amor de pequena estatura doado a alguém pode ser recebido como a dádiva suprema. Será (soará), então, enorme! Daí que amor está também, além de dar, em saber receber. Saber receber, embora pareça passivo, é ativo. Receber, se possível avaliando a intensidade com que é dado e, se for mais possível, ainda, retribuir na exata medida. Saber receber é tão amar quanto doar um amor. Se todos soubessem receber, não haveria a graça infinita dos desencontros do amor, geradores dos encontros. Receber o amor é tão difícil quanto amar! É que amar desobriga e receber o amor parece que prende as pessoas, tutela-as e aprisiona-as quando deveria ser exatamente o contrário, pois saber receber é tão grandioso e difícil quanto saber dar.
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1 comentários:
Poderia ter bebido desta fonte a uns meses atrás!